segunda-feira, 23 de julho de 2012

DEPOIMENTOS COMPROMETEM IMAGEM DE DÉCIO SÁ, MAS A ELUCIDAÇÃO DO CASO ESTÁ ACIMA DE QUALQUER COISA



Décio Sá
Conforme vou tendo acesso aos mais diversos depoimentos, infelizmente vou descobrindo que Décio Sá andava em péssimas companhias. Uma gente de décima, envolvida com gente igualmente de décima. O que tinha tudo para dar errado.
Ao conviver de maneira mais próxima com esse tipo de gente, cruzar com Gláucio Alencar era questão de um pulo. E, pelo que tenho lido, e já deixei no ar aqui, não será de espantar que as investigações cheguem à conclusão de que Décio Sá fez acordo vantajoso para não seguir contando o que tinha apenas insinuado no blog. E, a ser verdade, e tudo começa a levar a crer que sim, bem aí cometeu um erro fatal: com bandido não se tergiversa, com bandido não se negocia. Bandido pode até servir de fonte, jamais de parceiro, seja em que tipo de negócio seja. Com bandido não se senta para folgar em mesa de bar e de restaurante. Com gente esquisita não se negocia o silêncio jornalistico, imagina com bandidos. Porque o silêncio jornalístico, seja em que situação for, é a negação do jornalismo.
Como já escrevi aqui, lamentavelmente, há muito Décio Sá abdicara de ser jornalista. De um lado, confundiu os patrões com amigos, deixando de vender a mão de obra para entregar a alma. De outro, passou a conviver muito proximamente com gente desqualificada. Estava armada a bomba-relógio.
Um caso exemplar – No dia 27 de abril, contra tudo e contra todos, sozinho, como sempre faço quando considero que devo ir contra a maré, escrevi o texto: “Pedrosa não se regozija com a morte de Décio. Discorda do jornalismo praticado por Décio e condena corretamente o crime.”
Era minha resposta “às hordas do sentimentalismo vulgar”. Por quê? Simples, Antônio Pedrosa, a quem nunca vira em minha vida (até hoje não sei como ele é), presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA, escrevera o artigo “Um assassinato contra a democracia”. Ali ele condenava o assassinato, porém não tecia loas ao morto. Ao contrário, dizia:
“Um crime é sempre uma afronta à democracia, porque violenta não apenas o Estado, mas também a comunidade dos cidadãos organizados na esfera pública.
Não adianta agora, por outro lado – em nome da justiça que deve necessariamente ser feita – alçar o jornalista/vítima à condição de baluarte da democracia, o que nunca foi.”
Por conta do artigo, as hordas do sentimentalismo vulgar, volto a repetir, trataram de cair de pau no autor de artigo. Chamaram-no do pior que se possa imaginar. Bom, até que li o artigo e vi que ali nada merecia tamanha grosseria. E, como sempre faço, reproduzi o artigo e fiz a defesa de Antônio Pedrosa. Claro, foi o suficiente para ser tratado da mesma maneira. Os leitores podem rever o artigo de Pedrosa e meus comentários aqui. Mandei os comentários abomináveis para a lixeira, lugar exato para pô-los.
Mas eis o que queria dizer: Pedrosa, corajosamente, disse o seguinte: “Não me surpreenderia se ao cabo das investigações se descobrissem motivos bem menos nobres para o assassinato. Esperamos que não.”
Bem, ao ter acesso a vários depoimentos, tratei de fazer o seguinte texto, no dia 6 de junho: “Afinal, por que Décio Sá foi assassinado?”. O leitor pode reler aqui.
Pois é, todos, jornalistas e blogueiros incluídos, queriam saber quem matou e quem mandou matar Décio Sá, esquecidos da causa. Hoje tenho algumas hipóteses, como imagino que a polícia, que não é formada por tolos, também as tem. Eu começo a dizer mais claramente. Creio que a polícia não o fará, na intenção equivocada, embora cheia de boas intenções, de proteger o morto. Um erro, porque a verdade, por mais que comprometesse o morto, serviria como exemplo. Décio não teria sido morto em vão. (Roberto Kenard é jornalista e Blogueiro ludoviscence).

Blog Josué Moura

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