quinta-feira, 22 de julho de 2010

Queima de arquivo: detento é morto na porta de casa

 

Matozão denunciou suposta organização criminosa montada no sistema prisional do Maranhão.
Roberta Gomes/ Imirante e Tiago Soares/ TV Mirante
 
SÃO LUÍS - Denúncias sobre uma suposta organização criminal dentro do Sistema Prisional do Estado do Maranhão podem ter resultado na morte de Marco Aurélio Paixão Silva, 36 anos, conhecido como Matozão. A possível queima de arquivo aconteceu na manhã desta quarta-feira (21), às 7h40, na quitinete onde estava vivendo em livramento condicional, no bairro Ivar Saldanha.

Matozão foi condenado por tráfico de drogas e, depois de três anos e quatro meses cumprindo pena em regime fechado, ele conseguiu livramento condicional, após, inclusive, ter decidido denunciar a suposta organização criminosa, que teria a participação de autoridades públicas, agentes penitenciários e até agentes da Polícia Federal. Essas informações foram relatadas pelo presidente da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Luís Antônio Pedrosa, em entrevista coletiva na tarde de hoje. "Eu ouvi o depoimento de Matozão ao Ministério Público, à OAB. Ele afirmava que existe uma organização criminosa dentro do sistema prisional do Estado, que lida com tráfico de drogas e tráfico de armas", relata Pedrosa durante a entrevista.

Citando nomes, números de telefones e outros detalhes, Matozão, segundo a SMDH, registrou depoimentos ao Ministério Público e a um dos representantes do Conselho Nacional de Justiça, durante o mutirão carcerário. Ele, também, revelou essas informações em um programa policial da TV Difusora. Após as denúncias, Matozão estava tentando proteção. Nos últimos dias, estava passando pelos procedimentos para ingressar no Programa de Proteção a Testemunha. Nesta quarta-feira (21), ele daria o último passo para obter, definitivamente, a proteção.

Crime

Marco Aurélio Paixão Silva, 36 anos, foi assassinado às 7h40 desta quarta, na quitinete onde estava vivendo em livramento condicional. O crime foi testemunhado pela sua esposa, com quem tinha três filhos. Ela já depôs à polícia e fará o retrato falado dos dois responsáveis pelo crime.

De acordo com Luís Pedrosa, o crime foi cometido por dois homens, que chegaram ao local se identificando como interessados em alugar quitinetes. Depois de uma curta conversa com Matozão, os dois dispararam vários tiros contra ele.

Em depoimento, a viúva relatou que, há uma semana, notou que pessoas rondavam o local. Outras três testemunhas do assassinato também confirmaram a desconfiança. De acordo com a SMDH, a viúva já está com proteção da polícia, e a Delegacia de Investigações Criminais está investigando o caso.

Fortes denúncias

Segundo a SMDH, Marco Aurélio teria o perfil psicológico de desincompatibilizar com situações facilmente. Por ter se negado a colaborar com a suposta organização criminosa, ele teria percebido que iria ser "executado" dentro da própria penitenciária e procurou a Ouvidoria do Sistema Penitenciário, Ordem dos Advogados do Brasil/Maranhão, Ministério Público e SMDH.

De acordo com seus depoimentos, um dos chefes da organização criminosa seria o secretário-adjunto da Administração Penitenciária, Carlos James. Segundo a SMDH, em depoimento, Matozão afirmou que as mortes dentro do sistema prisional do Maranhão passaram a acontecer com mais frequência depois que ele assumiu o cargo. "Matozão dizia que tentavam dizer que as mortes aconteciam por desentendimento entre os presos, mas que, na verdade, eram execuções, pois esses presos não colaboravam com o tráfico de drogas, por exemplo", revelou Antônio Pedrosa. De acordo com a SMDH, aconteceram 46 mortes no sistema prisional do Estado nos últimos dois anos.

A investigação sobre as denúncias de Marco Aurélio, o Matozão, está sendo feita pelo Ministério Público, Polícia Civil, com a cooperação da Polícia Federal.

Fonte Imirante

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